O Brasil precisa aumentar o fornecimento de água potável em
4,337 bilhões de metros cúbicos (m³) até 2040. A projeção, a partir da
expectativa de crescimento econômico, do aumento da população e do aquecimento
global, indica que o crescimento da demanda por água potável nas cidades será
de 43,5% até o final da quarta década do século 21 – uma média de
incremento de 1,6% ao ano.
O volume é próximo da demanda efetiva de consumo somada nos
estados de São Paulo e Minas Gerais em 2017, e equivale ao volume que seria
fornecido por 4,4 sistemas do porte do Sistema Cantareira, formado por seis
reservatórios que abastecem quase 9 milhões de habitantes da Grande São Paulo.
Os números são do estudo Demanda Futura por Água Tratada nas
Cidades Brasileiras – 2019 a 2040, elaborado pelo Instituto Trata Brasil e pela
The Nature Conservancy (TNC). O Trata Brasil é uma organização da sociedade
civil de interesse público (oscip) formada por empresas da área saneamento
básico, e a TNC é uma organização não governamental (ONG) ambiental que tem
sede nos Estados Unidos e desenvolve atividades em diversos países, inclusive o
Brasil.
Desperdício e preservação ambiental
A eventual diminuição do desperdício de água tratada nas
redes de abastecimento e o uso racional dos recursos hídricos podem ajudar no
atendimento da demanda projetada, diz o estudo. O volume de água desperdiçada
no ano de 2017 foi calculado em 3,815 bilhões de m³ – 88% do volume que,
segundo o estudo, deve ser acrescido até 2040.
A perda de água causa prejuízo de R$ 12 bilhões.
Um indicador do desperdício assinalado no estudo é que a
média de consumo de água por habitante no Brasil é de 151,23 litros por pessoa,
mais de 41 litros (38%) acima do que estabelece a Organização das Nações Unidas
(ONU) como volume necessário para viver confortavelmente (110 litros). O dado
sobre a média de consumo inclui o uso residencial e também o gasto de água em
diversas atividades econômicas como agricultura (irrigação) e indústria
(transformação de produtos).
Para o presidente do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos,
a demanda por mais água exigirá “altos investimentos em reservação
[reservatórios de água], tratamento de esgotos e na redução das perdas, com
troca de redes e eficiência na distribuição de água potável.”
O material de divulgação do estudo ainda assinala a
necessidade de preservação ambiental. “O fortalecimento da infraestrutura verde
traz benefícios ambientais extremamente valiosos, como a preservação de rios, a
conservação da biodiversidade e a absorção de carbono, o que ajuda a combater
as mudanças climáticas”, diz o documento.