Cineasta relata momentos de tensão e uso da cloroquina

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Pego no caminho pela curva ascendente da doença na Inglaterra, o cineasta e publicitário Bruno Bini, 42, de alta da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde sábado (4), depois de receber o diagnóstico do coronavírus, viveu momentos de grandes incertezas, quiçá as maiores de sua vida até então. Ainda hospitalizado, mas em um apartamento do Hospital Santa Rosa, em Cuiabá, ele relatou ao jornal A Gazeta toda a trajetória enfrentada desde os primeiros dias que passou na Europa, durante trabalho de divulgação de seu longametragem “Loop”, até a melhora de seu quadro respiratório com o tratamento intensivista e a adoção, inclusive, da cloroquina para sair da pneumonia causada pelo Covid-19.

 

Bini desembarcou no Porto, em Portugal, para participar do Festival Internacional de Cinema da cidade no começo de março. Seu aclamado filme encerrou o evento no dia 8. No fim de semana seguinte, estava na Inglaterra, para exibição de Loop no Manchester Film Festival, em que arrematou 4 prêmios. Além da euforia com o sucesso de sua obra, estava sendo emocionalmente afetado por outra impressão.

 

“Quando eu cheguei a Portugal, o país tinha 7 casos. A impressão a respeito do vírus era algo muito mais brando, a preocupação não era tão grande ainda, apesar de se falar muito sobre isso e enxergar o que acontecia na China e na Itália. Quando fui para Inglaterra, já tinha passado de 500 casos lá. Foi dolorosamente rápida a curva de aumento. De certa forma, eu consegui acompanhar o crescimento do pico de casos e testemunhar o crescimento da preocupação de todo mundo lá”.

Ainda antes de retornar ao Brasil, em 17 de março, o cineasta já apresentava alguns sinais de gripe. Na Inglaterra, começou a ter tosse e febre alta. Vinha procurando se proteger saindo apenas em situações necessárias, tendo em vista que 1,5 mil casos eram contabilizados no Reino Unido à época e já faltava álcool em gel por lá.

 

“Considerando que estive em estação de trem, metrô, aeroportos, viajei de um país para o outro, de uma cidade para outra, eu fiquei muito preocupado com a possibilidade de estar com o vírus”. Foi quando tomou a decisão, ao desembarcar em Cuiabá, de ir para um hotel para o isolamento e tentar fazer o teste. “Estava com muita fraqueza, tosse, febre. Mesmo saindo teste negativo, fui para casa hesitante. Fiquei muito preocupado com Sofia, minha filha, porque queria abraçar, obviamente”, descreve.

 

No intervalo de três dias entre o retorno para casa e a ida para o hospital, Bini conta que o estado físico piorou, que não saía do quarto e que foi praticamente carregado para uma consulta com um pneumologista. Foi pedida a realização de uma tomografia no pronto-atendimento do hospital, quando constatadas a pneumonia e a necessidade de internação imediata na UTI. “Aí, continuou uma curva descendente da minha saúde. Continuei piorando e foram dias bastante difíceis”, acrescenta.

 

Família 

Com o quadro de piora, aumentou a preocupação com a família e as pessoas próximas. Até ter o diagnóstico final, que ocorreu dias depois do ingresso na UTI, muitas deram as dúvidas a respeito do tratamento, pois havia divergências de quadros habituais de Covid-19. “Fiquei muito preocupado, porque tentei tomar todos os cuidados para não botar ninguém em risco, não só em casa, mas todos que tiveram contato comigo. Tentava falar com a Pamela (esposa) para saber como ela e a Sofia estavam e, como estavam assintomáticas, fiquei mais aliviado. Tive medo de ter dado um passo errado, de ter confiado no teste que não representou uma realidade”.

 

Bruno Bini não tem doença pré-existente que o inclua no grupo de risco. Não é fumante e pratica esporte. Sendo assim, não acreditava que o vírus pudesse agir tão agressivamente em seu organismo. “Foi impressionante. Eu digo que eu nunca fiquei tão mal na minha vida, nunca tive nenhuma doença que me derrubasse tanto. Tenho uma boa resistência para dor. Nunca me senti tão mal, de não conseguir ficar sentado na consulta, de não querer fazer nada e, realmente, ter muita dificuldade para respirar. No sábado (28), na UTI, não sabia nem onde eu estava. Foi um período bastante difícil”.

 

Cloroquina
As incertezas quanto à novidade do vírus, inclusive entre os profissionais de saúde, também fizeram parte do rol de preocupações do cineasta. A adoção da cloroquina, medicação que vem sendo usada, ainda como teste, em pacientes com coronavírus no Brasil, porém, já apresentando resultados de evolução para a cura, foi uma delas. Desde o início da internação, seu uso havia sido aventado pela equipe da UTI. “Quando o teste veio finalmente positivo, eles me consultaram, eu conversei com o médico, tirei as dúvidas que tinha, ele explicou como era, e um familiar meu teve que assinar um termo de responsabilidade pelo uso da cloroquina.

 

Fonte: Gazeta Digital

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