PF diz que ex-senador Cidinho ainda não investigado diretamente

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Allan Pereira e Barbará Sá

ex-senador Cidinho Santos (PL) não é investigado diretamente na 4ª fase da Operação Carne Fraca, a Romanos, deflagrada na manhã desta terça (1). A informação é do delegado federal Maurício Grillo e foi repassada em coletiva de imprensa, no Paraná. “Mas tem que saber mais informações”, enfatiza, ressaltando que investigações futuras podem avançar sobre ele.

A empresa de Cidinho, a União Avícola, em Nova Marilândia, foi alvo de mandado de busca e apreensão hoje. Em delação, o grupo BRF apontou que a usava como intermediadora para fazer os pagamentos aos fiscais do Ministério da Agricultura (Mapa). Conforme Maurício, a empresa de Cidinho tinha “um convênio muito forte com o grupo e foi utilizada na verdade com mais frequência nesse tipo de pagamento”.

“A empresa de Mato Grosso é a maior delas. Na época, isso expunha menos o grupo BRF porque usava essa empresa (a União Avícola) para efetuar o pagamento, que era feito sem maiores problemas. Então, não ficava diretamente vinculado ao grupo BRF o pagamento da propina e sim a uma intermediadora”, detalha o delegado.

Descreve também que a União Avícola buscava acertar os valores com a JBS e a BRF depois das propinas pagas. Outras empresas também são citadas como intermediadoras e estão em São Paulo, Goiás, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Ao Cidinho disse estar tranquilo e que “as investigações vão mostrar que não ocorreu nenhum tipo de pagamento indevido”.

Maurício pontua também que as empresas pagavam os fiscais por que queriam “ter um certo conforto no sentido de não serem incomodadas”. “Isso é um fato”, ressalta. O delegado descreve que a propina era usada para liberar o produto mais rápido, aliviar nas ações de fiscalização ou para agilizar pedidos dentro do Ministério.

O próximo passo da Polícia Federal é saber como funcionava o pagamento dentro da empresa de Cidinho. Por isso, o mandado de busca e apreensão que buscou documentos, celulares, computadores e entre outros objetos. “Quem dentro dessa empresa era responsável? Quem tinha conhecimento sobre esses fatos? Para quantos pagaram?”, questiona.

Do Ministério da Agricultura, 60 auditores fiscais agropecuários foram acusados de receber propina para beneficiar os grupos empresariais JBS e BRF, do ramo frigoríficos. Segundo a PF, foram destinados 19 milhões de reais para os pagamentos de propinas. Os valores eram pagos em espécie, por meio do custeio de planos de saúde e até mesmo por contratos fictícios firmados com pessoas jurídicas que representavam o interesse dos fiscais.

A Romanos é fruto da delação espontânea dos grupos JBS (dona da Friboi e Seara) e BRF (dona da Sadia e Perdigão). Segundo Maurício, eles fizeram um resgate profundo dos dados e apresentaram tabelas, planilhas e documentos que detalham todo o esquema de corrupção praticado nas empresas dos anos 2000 até 2017. Neste último ano, as duas companhias foram alvo da primeira fase da Carne Fraca, que repercutiu no mundo todo por conta do flagrante de misturar a carne com papelão.

Qualidade da carne

O delegado federal Maurício Grilo pontuou que não há riscos de contaminação da carne. Conta que as irregularidades já estão sendo sanadas “para que não atrapalhe a segurança do país de todas as formas”. Ele pontuou que, após o escândalo da carne com papelão, em 2017, as empresas do setor buscaram reforçar a sua questão de saúde pública.

O superintendente da Polícia Federal do Paraná, Luciana Flores de Lima, reiterou que os danos detectados já foram sanados. Isto permitiu que o Brasil voltasse a se consolidar no mercado de exportação bovina já em 2018. “Brasil voltou a ser o primeiro exportador do mundo”, disse em coletiva.

“Além de ter verificado o erro que acontecia, as autoridades de outros países obtiveram informações e constataram que, eventuais erros do passado, estão hoje superados e a nova operação da Carne Fraca foca nos fiscais que estavam cometendo corrupção ativa desde 2017”.

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