Cuiabá tem a pior seca em 50 anos

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Dantielle Venturini e Andréia Fontes

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Marcus Vaillant

Marcus Vaillant

Cuiabá registra o maior período de estiagem

 das últimas 5 décadas. Já são 127 dias sem 

chuva e a expectativa é de que as 

precipitações comecem a cair de forma 

torrencial apenas em outubro. Com a seca 

prolongada e aumento nos focos de calor, 

nessa semana, os termômetros na capital

 também marcaram, por dois dias 

consecutivos, na segunda-feira (16) e 

terça-feira (17), as maiores temperaturas 

dos últimos 108 anos, com registro de 

42,3º C. Para os próximos dias há também alerta para a umidade relativa do ar que pode atingir 8%, índice

 igual ao registrado em desertos. E não há previsão de quando os termômetros vão deixar de atingir os 40ºC. 

O rio Cuiabá está com o menor nível dos últimos 19 anos.

 

Segundo especialistas, a explicação é a ocorrência do El Niño, que já era aguardado. A longa e persistente 

estiagem já era prevista uma vez que em 1998, 2001, 2005, 2010, 2014 este fenômeno havia passado por 

aqui e feito estragos ambientais e impactado a vida de maneira significativa. Esse fenômeno interfere no 

clima de muitas partes do mundo, alterando a circulação atmosférica e provocando secas e cheias em 

regiões tão distintas quanto as Américas, Austrália, Índia e Japão.

 

Entretanto, nos 5 anos acima citados, 2010 teve o pior cenário, registrando 108 dias sem chuva. Em 1998

 foram 69 dias. Os dados só não são mais alarmantes do que em 1963, quando a estiagem bateu recordes

 em várias estados, entre eles Mato Grosso. Além disso, uma onda de calor muito forte assolou o país.

 Em Cuiabá, não choveu do dia 2 de maio a 15 de junho e de 16 de junho a 28 de setembro, 

acumulando 143 dias de seca. As 3 precipitações em junho foram ínfimas. Os dados históricos são do 

Banco de Dados Meteorológicos para Ensino e Pesquisa do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet).
Coordenador de prevenção e preparação da Defesa Civil de Mato Grosso, tenente Luiz Costa lembra da seca 

de 1998, a primeira com a ação do El Niño. Naquele ano, Mato Grosso enfrentou também um dos seus piores

cenários em relação a incêndios e queimadas, registradas em quase todos os municípios. Esse ano o

 fenômeno se repete, assim como em outros anos, o que tem provocado a estiagem prolongada em várias

 cidades.

 

Outros municípios, como Tangará da Serra, Canabrava do Norte, Rondonópolis, enfrentam o mesmo problema

 que Cuiabá e muitos precisaram decretar situação de emergência e também o racionamento de água. 

Costa explica que apesar de algumas cidades já registrarem pancadas de chuvas de forma isolada, a previsão

 é de que apenas a partir da primeira semana de outubro a chuva chegue para todo o Estado. “Até então, 

o clima deve continuar seco, com umidade muito baixa e a população deve seguir com as orientações que

 garante melhor qualidade de vida nessa época”. Segundo ele, a massa de ar de alta pressão dificulta a 

passagem das chuvas.

 

Para o biólogo, professor e pesquisador Romildo Gonçalves, os piores momentos vividos pelos 

mato-grossenses foram os marcados pela passagem do El Niño. Em 1998, Gonçalves cita um grande impacto 

no Vale do Araguaia. Mais recentemente, em 2005, os focos atingiram principalmente a região de Noroeste.

 Hoje, o Estado queima do Sul a Nordeste, pegando toda sua extensão. Em 2005, ano que era considerado o

 mais crítico desta década pelos pesquisadores, o Estado estava em chamas e a seca era um problema 

também, mas nada comparado com 2010.

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