Daniel Alves é, oficialmente, jogador do São Paulo. Durou cerca de uma hora a apresentação do lateral-direito, de 36 anos, como novo jogador do clube tricolor, na noite desta terça-feira, no salão nobre do estádio do Morumbi.
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O capitão da seleção brasileira chegou ao local pouco depois das 19h30 (de Brasília) acompanhado do presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, e do executivo de futebol, Raí. Eles foram os primeiros a falar. Passaram a palavra a Daniel quase às 20h.
Ele falou e depois passou por uma sabatina. Muitas perguntas sobre a escolha pelo São Paulo, o plano de jogar a Copa do Mundo de 2022, a operação financeira para a vinda dele e como fazer o clube voltar a ser campeão. Para ele, isso é possível, apesar de Palmeiras (segundo colocado e atual campeão brasileiro) e Flamengo (terceiro) serem as equipes que mais tem investido no país.
“Eu tenho acompanhado o futebol brasileiro, evidente, sei que tem contratações que tem melhorado bastante. Mas você misturou as coisas. Não acredito que quem tem mais dinheiro pode mais. Dinheiro é uma coisa e o futebol é outra. O São Paulo pela história sempre vai entrar na conta. O São Paulo teve uma transição, e numa transição sempre tem seus pontos baixos, e por isso estou aqui para essa transição seja o mais rápido possível e aspirar coisas o mais rápido possível. Sei que o campeonato é difícil, equilibrado. Tem muitos times que brigam pelo título e não descarto o São Paulo ser uma das possibilidades”, respondeu Daniel Alves.
Depois, em campo, Daniel Alves teve um contato que definiu como “nunca antes experimentado” com a torcida são-paulina. Tentou iniciar o discurso algumas vezes, mas a cantoria nas arquibancadas não permitiram e ele agradeceu o carinho. Ficou tocado ao ver um vídeo nos telões do estádio com depoimentos de ídolos do clube e craques do tamanho de Lionel Messi e Luís Suárez.
Na sequência, ele recebeu a camisa 10 de Kaká. Também recebeu a 10, mas com o uniforme listrado, de Luís Fabiano —que foi lembrado no telão por ter sido apresentado no estádio em 2011, diante de 45 mil pessoas.
Antes de sair do palco e iniciar uma verdadeira volta olímpica, ele tirou uma foto com Lugano, Raí, Luís Fabiano, Kaká e Hernanes (quem o recebeu no campo). Todos ídolos e campeões no São Paulo, que “abençoaram” a nova contratação do clube.
Depois das respostas, Daniel Alves foi conduzindo ao campo para se apresentar diante da torcida. O São Paulo cobrou ingresso (R$ 5) e atraiu 40 mil pessoas.
Veja as respostas de Daniel Alves
EMOÇÃO PELO ACERTO
“Queria pedir desculpas até pelos nervos. Por mais que tenha vivido muitas coisas, é um momento único. Queria agradecer ao Raí, ao Pássaro e ao presidente. Estou realizando um sonho de criança. Esse momento chegou e só tenho a dizer que eles não estão contratando um jogador, mas um torcedor do São Paulo. Alguém que vibrou com momentos que ele, Raí, proporcionou. Lugano, Kaká e tantos outros, como Cafu, Muller. É um momento importante e espero retribuir isso da melhor maneira possível. Não só com a parte futebolística, mas com a troca de experiência. Como torcedor, a gente sempre quer o melhor para o nosso clube. Eles não vão se arrepender de ter me contratado. Sei que muitos podem não estar entendendo. Mas é muito pessoal. Tinha muitas possibilidades, mas nenhuma maior do que essa de estar realizando um sonho.”
CONTATO COM RAÍ
“O Raí acabou de falar de um São Paulo em construção. Está caminhando para respeitar toda a história do clube, um dos mais vitoriosos do mundo. Eu venho para contribuir e o São Paulo possa aspirar títulos. Por isso eu topei esse desafio. Sei que é um clube que está necessitando de troféus. Por isso tomei a decisão de vir aqui.”
O “SIM”
“A primeira coisa que eu solicitei foi que eu preciso de estabilidade esportivamente falando. Eu preciso construir essa história sabendo das dificuldades que essa decisão apresenta. Eu tenho o objetivo de jogar a Copa de 2022 e isso passa por um clube que acredita em mim, na minha história, no meu profissionalismo. Esse foi o ponto primordial. Eu veio aqui para dar resultado e não para finalizar a carreira.”
TITE E CUCA
“Não conversei com o Tite. Nem com a esposa. Nem com os amigos. Não queria que houvesse nenhuma intervenção por parte deles em nenhum aspecto. Tomei a decisão sabendo dos prós e contras. Eu sou um jogador que conheço todas as posições e sei o que posso dar ao grupo. Sou um jogador de resultados.”
CALENDÁRIO NO BRASIL
“Hoje em dia nada me assusta. Eu trabalho para jogar. Não acredito que ninguém jogue 70 jogos. Mas se tiver que jogar eu vou estar predisposto para jogar. Não prometo nada além do meu melhor.”
MOTIVAÇÃO EM JOGAR NO SÃO PAULO
“Quando você toma a decisão de vir para um clube em construção como o São Paulo a única ideia que eu tenho é poder ajudar. Domino todas as posições. Quero ajudar. Não é uma preocupação que eu tenho. Quero subir. Quero contribuir.”
SALVADOR DA PÁTRIA?
“Não existe salvador da pátria. Acredito que com a juventude do grupo a gente traz a experiência. Brinquei com o Pato e ele disse que a gente tem mais chance de conquistar títulos. E eu respondi que espero que ele boa me gafe. Onde passei fui campeão. Todos os clubes passam por transições, mas aspirar e ser melhor a cada dia é possível.”
APOIO DA FAMÍLIA
“Meu pai era são-paulino e virou a casaca para o Palmeiras. Agora espero que volte a ser. Ele que me apresentou o São Paulo. Com a minha vinda parada cá, espero que ele possa mudar. Ele vibrou bastante e não vai deixar de virar.”
ESTREIA?
“Estou enchendo o saco do Lugano e do Raí que eu gostaria de sentir o jogo contra o Santos. Não sei o que eles pensam. Eu pedi alguns minutos. Se for possível, melhor ser sábado do que na próxima semana.”
SÃO PAULO E SEUS JOVENS
“Na sua pergunta você deu a resposta. Meu espírito vencedor. Com tido que já vive hoje, encontrar um grupo jovem é interessante. Eles têm dão energia para conseguir coisas grandiosas e sólidas. O que posso passar para eles é experiência.”
CAMISA 10
“Sobre a camisa 10, é uma referência, mas não escolhi por isso. Era um número que estava disponível e quero ser mais um aqui.”
PROJETOS FORA DO FUTEBOL
“Venho por uma questão social. Os jovens do nosso país precisam de referências boas. Uma pessoa que saiu da roça e conquistou grandes palcos, que eles possam se espelhar em mim.”
RETORNO AO BRASIL
“Acredito que na minha visão e na deles a gente deve um pouco ao nosso futebol. Quero retribuir o que o futebol me deu e o que a seleção me deu. Vivi grandes momentos fora, na Europa, mas não deu tempo de viver grandes experiências aqui. Tive bons momentos no Bahia, mas não deu tempo de curtir mais. Temos compromisso com nosso futebol, com nossos jovens.”
EXPERIÊNCIA
“Acredito que posso trazer esse aprendizado de varias ideologias, clubes. O futebol moderno joga com extremos. O lateral é amigo de todas as áreas. Nós temos de contribuir com o meio, ataque, defesa. Tem de entender a demanda dos companheiros.”
MOTIVAÇÃO
Volto a insistir. Ontem realizei um sonho. Estou muito feliz. Discordo. Não sou um jogador caro. Estou vindo de graça. Sou o jogador mais barato do futebol. Só fui comprando pelo Barcelona. Todos os outros eu me transferi de graça.”
IMPACTO DA CONTRATAÇÃO
“Eu acredito que para o futebol brasileiro pode ser uma coisa grande. Posso dizer que o São Paulo acaba de contratar um dos jogadores mais profissionais do mundo. Não gosto de botar expectativas. Não quero expectativa de contratação mais cara da década. Quero só oferecer.”
FLAMENGO E PALMEIRAS
“Por mais que se tenha dinheiro, dinheiro é uma coisa e clube é outra. O São Paulo tem de sempre levado em conta. O São Paulo vive uma transição para cima. Sei que como o Brasileiro é equilibrado. É o campeonato com mais times grandes. Porém o São Paulo é um dos favoritos.“
VINDA DO JUANFRAN
“Juanfran, joguei contra ele. Está mudando de país e isso requer uma adaptação, me ofereci para ajudar. É um jogador muito bom taticamente. Se adaptou para jogar como lateral. É um grande prazer ter um campeão mundial aqui.”
