Bezerra diz que Lava Jato montou esquema para tirar Lula da campanha e MDB articula afastamento de Moro

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Licenciado desde fevereiro para tratamento de saúde, o deputado federal Carlos Bezerra (MDB) afirmou que volta a Brasília no final deste mês para retomar suas atividades e deve, tão logo chegar a Capita Federal, articular junto ao seu partido o pedido de afastamento do ministro da Justiça Sérgio Moro, até que as mensagens que vêm sendo divulgadas pelo site The Intercept sejam esclarecidas. Em sua opinião, o então juiz e a força-tarefa da Lava Jato “montaram um esquema para tirar o Lula da candidatura da presidência”, nas eleições do ano passado.


“É lamentável. Está claro que montaram um esquema para tirar o Lula da candidatura da presidência. Isso é vergonhoso para o sistema jurídico brasileiro e para a Justiça Federal, ainda, que deveria ser a melhor justiça que nós temos. Ela foi atingida profundamente por uma operação que todo o povo brasileiro torce por ela, que era necessária. Então, eu lamento, como brasileiro, isso vai terminar anulando a própria operação, porque afetou tudo, do meu ponto de vista. O estado de direito foi afetado. O conluio entre o Ministério Público e o juiz, isso é uma coisa inadimissivel. Deve ter mais revelações fora o que saiu até agora. Vai ser ruim para o Governo”, avaliou o parlamentar.

Nesta quarta-feira (19), o ministro Sergio Moro prestou esclarecimentos sobre o caso no Senado Federal. A sabatina teve início durante a manhã, sem pausa para o almoço e seguiu pela tarde. À todas as perguntas a resposta do ex-juiz foi a mesma: não há certeza da autenticidade das mensagens e, ainda que houvesse, não se vislumbra ilegalidade, em sua opinião, no conteúdo até então divulgado.

Na semana passada, o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) abriu processo administrativo disciplinar contra os procuradores da República citados na série de reportagens do The Intercept. Não há, no entanto, investigações em curso sobre a conduta de Moro.

Bezerra não é o primeiro parlamentar mato-grossense a pedir o afastamento de Moro. Para a deputada Rosa Neide (PT), “o Brasil precisa usar todos mecanismos jurídicos e parlamentares para que os fatos sejam devidamente esclarecidos”.

Vaza Jato

O site The Intercept divulgou dia 09 de maio trechos de mensagens atribuídas a procuradores da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba e ao então juiz Sérgio Moro extraídas do aplicativo Telegram.

Segundo o site, as informações foram obtidas de uma fonte anônima. O site diz que procuradores, entre eles Deltan Dallagnol, trocaram mensagens com Moro sobre alguns assuntos investigados.

Segundo o Intercept, o então juiz Sérgio Moro orientou ações e cobrou novas operações dos procuradores. Em um dos diálogos, Moro pergunta a Dallagnol, segundo o site: “Não é muito tempo sem operação?”. O chefe da força-tarefa concorda: “É, sim”.

Em nota, Moro lamentou que a reportagem não indicasse a fonte das informações e o fato de não ter sido ouvido. Segundo ele, no conteúdo das mensagens que citam seu nome, “não se vislumbra qualquer anormalidade ou direcionamento da atuação enquanto magistrado, apesar de terem sido retiradas de contexto e do sensacionalismo das matérias, que ignoram o gigantesco esquema de corrupção revelado pela Operação Lava Jato”.

Dallagnol, por sua vez, defendeu a imparcialidade da Lava Jato e disse que a operação acusou políticos e pessoas ligadas a diversos partidos. Em um vídeo, o procurador disse ser natural a comunicação entre juízes e procuradores sem a presença da outra parte. Afirmou ainda que o Ministério Público Federal teve processos recusados e que 54 pessoas denunciadas pelo MPF foram absolvidas por Moro. “A Lava Jato é contra a corrupção, seja de quem ela for”.

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