Ministra da Mulher defende vida desde a concepção ao assumir o posto

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© Valter Campanato/Agência Brasil “A vida, nosso bem maior, é o nosso ponto de partida. Esse ministério foi estruturado a partir daí”, afirmou Damares Alves.

Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos no governo de Jair Bolsonaro, a pastora Damares Alves assumiu o cargo nesta quarta-feira (2), em uma cerimônia no prédio do ministério, em Brasília. Em seu discurso, a ex-assessora parlamentar defendeu a vida “desde a concepção” e foi aplaudida por fiéis e militantes.

A pastora começou sua fala agradecendo aos aliados. “O Estado é laico, mas essa ministra é terrivelmente cristã”, disse. A frase foi recebida pela platéia por gritos de “Aleluia” e “Glória a Deus”.

Em um dos momentos de apoio, a platéia aplaudiu de pé após Damares dizer, com voz embargada, que foi motivo de escárnio por sua trajetória religiosa.

“Tenho meu consolador e, creiam vocês ou não, ele sobe em pé de goiaba”, disse, em referência a um vídeo que repercutiu em redes sociais no qual ela afirma ter visto Jesus Cristo em cima de uma goiabeira quando era criança. Depois que o vídeo circulou, Damares afirmou que, aos 10 anos, tinha subido no pé de goiaba para tentar se matar após ter sido abusada sexualmente diversas vezes.

A cerimônia foi marcada pela presença de ativistas da “defesa da família”, como descreveu a ministra. Entre os presentes, alguns convidados seguravam bandeiras do movimento Brasil sem Aborto, conhecido pela atuação junto à bancada evangélica e católica no Congresso Nacional.

O ex-deputado Antônio Jácome (Podemos-RN) foi nomeado secretário-executivo da pasta, número 2 do ministério. Damares cumprimentou parlamentares e disse que atuou ao lado deles por 22 anos, como assessora e foi pastora de alguns. “Amo um mais do que o outro”, disse.

Damares repetiu que sua intenção era que o ministério se chamasse da Vida e da Alegria, mas não foi possível. “E por falar em vida, eu falo em vida desde a concepção”, disse. “A vida, nosso bem maior, é o nosso ponto de partida. Esse ministério foi estruturado a partir daí. Sangue inocente não será mais derramado no nosso País”, completou.

Logo após ser nomeada, Damares anunciou como prioridade a aprovação no Congresso Nacional do Estatuto do Nascituro. O texto define que o feto é um sujeito de direito e por isso tem direito à vida, de modo a proibir o aborto sob quaisquer circunstâncias.

Hoje a interrupção da gravidez é permitida no Brasil em caso de risco de vida da mãe, gestação causada por estupro ou quando o feto é anencéfalo. As duas primeiras previsões estão no Código Penal e a última foi decidida pelo STF (Supremo Tribunal Federal).

Estupro e feminicídio

A ministra também prometeu combater estupros e o feminicídio e destacou os altos índices dos dois crimes no Brasil. O país é o quinto que mais mata mulheres. “Basta de violência contra mulher nesta nação”, disse. Damares também defendeu salários iguais.

Vítima de abuso sexual, a nova ministra criticou o tratamento dado pela imprensa e pela oposição ao governo Bolsonaro. “Senti na pele o abuso físico, sexual e psíquico e, nos último dias, o abuso moral. Foram implacáveis comigo, minha crença virou chacota e motivo de risadas tanto nas redes sociais quanto pessoalmente”, criticou. “Nunca falei da minha vida íntima como discurso de Estado. Não tenho nenhum orgulho de ter sido barbaramente abusada. Isso não me fez ministra.”

No discurso de cerca de 50 minutos, a pastora destacou que sua família é formada por ela e pela filha e disse que “todas configurações familiares nesse Brasil serão respeitadas”. Damares também prometeu preservar direitos da população LGBT e combater a tortura.

Entre os presentes na cerimônia de Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, alguns convidados seguravam bandeiras do movimento Brasil sem Aborto.© Marcella Fernandes/HuffPost Brasil Entre os presentes na cerimônia de Damares Alves, ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, alguns convidados seguravam bandeiras do movimento Brasil sem Aborto.

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