Mãe descobre que filho furtou bicicleta, dá castigo e o obriga a devolvê-la na polícia

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Vinícius Lemos

Era início de noite de 14 de agosto quando o adolescente Fábio*, 16 anos, chegou em casa com uma bicicleta. Para a mãe, a diarista Luiza*, 32, ele disse que havia sido emprestada por um amigo, sem prazo para devolver. A mulher, porém, estranhou. “Não consegui acreditar no que ele me disse”.

Eu fiquei muito triste quando soube que ele tinha furtado. Agradeci a essa conhecida que me avisou e fui falar com o meu filho. Ele negou (…) mas eu sabia que ele estava mentindo

A família mora em um bairro da periferia de Sapezal (a 478 km de Cuiabá). Mãe solteira, Luiza está desempregada e tem mantido os quatro filhos – Fábio é o mais velho – com faxinas que faz em alguns dias da semana. “Não é sempre que consigo serviço, então vivo com a graça de Deus e a ajuda de amigos da igreja”, conta a mulher, que é evangélica.

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Horas depois de o filho chegar em casa, uma conhecida ligou para Luiza e informou que Fábio havia furtado uma bicicleta no Centro de Tradições Gaúchas de Sapezal. O adolescente estava no local para auxiliar uma vizinha, responsável pela limpeza do espaço.

“Eu fiquei muito triste quando soube que ele tinha furtado. Agradeci a essa conhecida que me avisou e fui falar com o meu filho. Ele negou, disse que não tinha pegado aquela bicicleta ilegalmente, mas eu sabia que ele estava mentindo”, relata.

Ela castigou o filho e disse que ele devolveria o objeto ao proprietário. “Eu segurei a bicicleta em casa, para que ele não sumisse com ela, e não permiti que ele saísse naquele dia”.

Na manhã seguinte, ela conta que acordou cedo, pegou a bicicleta e foi, junto com o adolescente, à delegacia de Sapezal. O lugar ainda estava fechado quando eles chegaram. “Conversei com um policial, contei a minha situação e ele me pediu para entrar na delegacia”.

Pouco depois, o dono da bicicleta foi chamado ao local. Ele sequer havia prestado queixa do furto. Porém, como uma conhecida da diarista disse que ele seria o proprietário do objeto, ela pediu que os policiais o chamassem.

Dono da bicicleta, o comerciante Jorge Valmir Schossler relata ter ficado surpreso ao ver Luiza na delegacia. “Eu nunca esperaria que uma mãe fosse fazer isso. Fiquei muito feliz pela atitude dela, mas muito triste por ver a situação em que o filho dela estava”, conta ao .

Para Schossler, o caso de Luzia representa uma esperança em meio a tantas histórias de corrupção no Brasil. “Existe tanta coisa errada que a gente até se espanta quando vê uma pessoa querer fazer o certo. Não deveria causar essa surpresa, mas acaba causando”.

Depois que entregou a bicicleta, a diarista ficou aliviada. Desde então, ela tem travado uma luta com o filho para que o adolescente não cometa novos delitos. “Ele já me deu muito trabalho, mas nunca chegou a ser detido. Tento dar conselhos para que ele não continue fazendo coisa errada”.

Diariamente, Luiza tenta fazer com que o filho retome os estudos, que abandonou há dois anos. Ela também costuma aconselhar as três filhas a valorizar a escola. “Não aceito nada de errado. Sou pobre, não tenho onde cair morta, mas sou digna”.

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