Taques ‘recebeu’ quase R$ 1 milhão para manter esquema da Consignum

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Karine Miranda

A empresa Consignum Gestão de Margem Consignável teria doado quase R$ 1 milhão à campanha eleitoral de Pedro Taques (PSDB) ao cargo de governador do Estado, em 2014, para garantir a continuidade do contrato da empresa com o Estado para a oferta de empréstimos consignados aos servidores públicos do Executivo estadual.

 

A doação teria sido feita mesmo após Pedro Taques ter conhecimento da existência de um esquema na Secretaria de Gestão, em que o empresário Willians Mischur, dono da Consignum, realizava o pagamento mensal de propina ao ex-governador Silval Barbosa (Sem partido), em troca de manter seu contrato. A propina variava de R$ 500 mil a R$ 1 milhão e o esquema teria continuado após Taques ter sido eleito governador. 

  

 

A informação consta na delação do empresário Alan Malouf, sócio do Buffet Leila Malouf, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Malouf diz que Taques pediu para que ele se reunisse junto com seu primo, Paulo Taques, à época coordenador jurídico da campanha, para que conversassem com Willians Mischur sobre o contrato.

 

Na reunião, Mischur se apresentou e explicou sobre o funcionamento do contrato, como os valores recebidos pela prestação do serviço, como era o relacionamento com o governo de Silval Barbosa, principalmente no que dizia respeito aos repasses de propina aos agentes públicos.

 

Segundo Malouf, o empresário Mischur confirmou que a propina chegava até a R$ 1 milhão e afirmou que tinha total interesse em dar continuidade em seu contrato caso Taques fosse eleito governador.

 

Ao ouvir as declarações, segundo Malouf, ele diz que ficou “assustado” e permaneceu em silêncio e não solicitou apoio financeiro para a campanha de Taques, pois essa “não era a postura que pretendiam para o eventual futuro governo”, diz trecho da delação.

 

Após a conversa com Mischur, Malouf diz que conversou com Pedro Taques e ele concordou que o empresário não teria vinculo com a sua campanha eleitoral. No entanto, tempos depois, Malouf diz que tomou conhecimento de que Mischur teria doado R$ 900 mil à campanha através de Paulo Taques.

 

A doação não teria sido contabilizada em nome do empresário Mischur ou da Consignum. Teriam sido pagos R$ 500 mil em espécie a Paulo Taques e R$ 400 mil através de cheques, que foram entregues por Paulo Taques a Dozinete Aguilera Castrillon, que fez a doação oficial em nome de sua empresa, a Aguilera Auto Peças Ltda.

 

“Ao tomar conhecimento desse fato, compartilhou a informação com alguns membros do grupo de amigos – não se recorda especialmente com quem – já citado pelo peticionante, que solicitaram ao peticionante para que informasse o ocorrido a Pedro Taques. Que os demais membros do grupo também questionaram Pedro Taques sobre a referida doação”, diz trecho da delação.

 

Ao questionar Taques, Malouf diz que ele reconheceu a doação e afirmou que o valor destinado a Paulo Taques era para pagar despesas “até então desconhecidas” por Malouf. Após eleito governador, Pedro Taques nomeou Paulo Taques como o chefe da Casa Civil e chamou Malouf para uma reunião, oportunidade em que o empresário diz que cobrou a retirada da Consignum para inserir uma nova empresa, conforme o próprio Taques havia prometido.

 

No entanto, segundo Malouf, Paulo Taques disse que teria que manter o contrato por mais 3 meses, a fim de viabilizar que a empresa recuperasse os valores doados. Tal sugestão não só foi acatada por Pedro Taques, como o contrato se manteve por 1 ano e meio, segundo Malouf.

 

“Para a surpresa do peticionante e todo o grupo de amigos, a referida empresa manteve seu contrato com apoio do governo até agosto de 2016, ou seja, por mais 20 meses, não sabendo informar em que condições foi mantido o referido contrato, uma vez que não participou de nenhuma tratativa nesse sentido, mesmo a referida empresa sendo investigada por confessadamente pagar propina na gestão anterior”.

 

Malouf diz ainda que o secretário de Gestão a época, Julio Modesto, informou que foi procurado por Mischur e que foi lhe ofertada propina para manter o contrato, porém ele não teria aceitado. Modesto disse ainda, de acordo com a delação, que tinha um projeto para trazer para Mato Grosso um sistema operacional para gerir os consignados, com a vantagem de que o Estado não teria custo. Porém, Pedro Taques não teria concordado.

 

Outro  lado – Por meio de nota à imprensa, o governador Pedro Taques negou a prática de irregularidades durante a campanha eleitoral, bem como no exercício do mandato. Disse ainda que vai se defender das acusações no âmbito judicial e restabelecer a verdade.

 

“Conforme já declarado desde 2016, o governador Pedro Taques nega a prática do chamado “Caixa 2” em sua campanha eleitoral ao Governo de Mato Grosso em 2014 e tampouco autorizou vantagens indevidas a qualquer empresa durante o exercício do mandato. Apesar de citado por delator em acordo de delação premiada, Taques não é réu no processo da chamada “operação Rêmora” e terá direito a ampla defesa nos autos. O governador já constituiu advogados para atuar no processo e garantir que a verdade prevaleça”.

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