Delegado preso por tortura em Colniza tem histórico de denúncias; prisão é mantida

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Welington Sabino

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Reprodução/Gazeta Digital

Policiais acusados de tortura em Colniza, Edison Pick, Ricardo Sanches e Woshigton Kester Vieira

 Delegado Edson Pick,  Woshigton Kester Vieira e Ricardo Sanches

A prisão preventiva do delegado Edison Ricardo Pick e dos investigadores Ricardo Sanches e Woshigton Kester Vieira, todos servidores da Polícia Civil, lotados em Colniza (1.065 km a noroeste de Cuiabá) e acusados de tortura, está relacionada à detenção de um suspeito acusado de tráfico de drogas. Conforme apuração do , ao ser preso o homem portava uma uma certa quantidade de dinheiro que teria sido subtraída pelos investigadores. Depois, ele junto com seu advogado denunciou o caso ao Ministério Público que começou a investigar e notificou os policiais a se explicarem. Foi então, que eles teriam decidido se vingar do preso.

 

Levantamentos feitos pela reportagem também apontam que o delegado Edison Pick ainda está em estágio probatório, pois tomou posse no cargo em janeiro de 2017. Ele ficou classificado no concurso lançado em 2009 e só tomou posse no cargo por força de decisão judicial. Pick, ao fazer o concurso, se inscreveu pela cota de portadores de necessidades especiais, já tem problema de vista.

 

Agora, deverá alvo de investigação por parte da Corregedoria da Polícia Civil que poderá resultar, inclusive, em sua demissão dos quadros da PJC uma vez que ainda não saiu do estágio probatório que é de 3 anos. Ele tem um salário de R$ 26,3 mil, conforme mostra o Portal Transparência relativo ao mês de setembro deste ano. Ricardo Sanches tem salário de R$ 5,9 mil e Woshigton Kester, alem do cargo eferivo, ocupa uma função de DGA 10 com salário de R$ 6,6 mil.

 

O delegado Edison Pick também já se envolveu em outras polêmicas e tinha problemas de relacionamento com outros investigadores que chegaram a trabalhar no inquérito sobre a morte do ex-vereador Elpido da Silva Meira, assassinado em março de 2017 em Colniza. Por problemas com o delegado, 4 investigadores pediram transferência e hoje estão lotados em Cuiabá, Jaciara e Marcelândia. Eles se sentiam perseguidos e intimidados por Pick.

 

 “Antes era uma equipe de 5 pessoas que trabalhavam em Colniza e saímos de lá porque não aceitamos os abusos cometidos por ele [delegado Edison Pick]. Só quem aceitava o autoritaismo dele, coisa que nem no militarismo existe mais, ficou lá”, afirma uma fonte da Polícia Civil que trabalhou em Colniza e pediu transferência juntamente com outros 3 colegas.

 

Em setembro de 2017, um investigador denunciou o delegado Edison Pick por uso indevido de viatura para fins particulares, como ir à igreja, supermercado e lojas, além de transportar a esposa no veículo. Em agosto deste ano o Gazeta Digital noticiou que o mesmo delegado mandou prender um médico em Colniza que se recusou a fazer um exame de necropsia por falta de materiais e insumos. A prisão foi classificada como “absurda” e o delegado acusado de abuso de autoridade.

 

Prisão mantida em audiência de custódia

 

Durante audiência de custódia nesta terça-feira o juiz substituto Ricardo Frazon Menegucci manteve a prisão do delegado e dos investigadores e determinou a imediata transferência do trio para o Centro de Custódia da Capital (CCC), em Cuiabá. Ele também acatou pedido do Ministério Público Estadual para retirada do sigilo dos autos.

 

Ao pedir a prisão dos policiais, o Ministério Público sustentou que eles “praticam sistematicamente tortura contra pessoas alvo de diligências policiais. Nos autos, o MPE descreve suspotos atentados contra 3 vítimas e destaca que na época dos fatos uma dera era adolescente. Conforme o Ministério Público, os fatos ocorreram em 31 de janeiro e também nos dias 7 e 8 de maio deste ano

 

Em seu despacho o magistrado cita que o preso Marcelo Wypychovosky relatou que fora vítima de agressões, o que foi confirmado por sua companheira que na época também foi presa em flagrante. Marcelo relatou que durante sua prisão em flagrante o policial Kester lhe agrediu com socos.

 

“Como se vê, dessume-se dos elementos de convicão coligidos aos autos a prova de materialidade delitiva e os indícios de autoria de três crimes de tortura. Enfatize-se que a representação ministerial não está apenas fundamentada em declarações dos ofendidos e seus respectivos familiares, instruindo o parquet (Ministério Público) o pedido, também com oitivas de servidores públicos, perícias médicas e fotografias”, consta na decisão.

 

O juiz ressalta que a manutenção da prisão do delegado e dos investigadors é necessária para garantia da ordem pública e evitar a reiteração delitiva uma vez que aparentemente não se trata de um fato isolado. “Com efeito, a prática de tortura deu-se, em tese, em três oportunidades, inclusive conforme o Ministério Público, repetindo-se o modus operandi em duas das ocasiões – uso de sacola para asfixiar o ofendido”.

 

Por fim, o magistrado pondera ainda que a prisão preventiva dos policiais visa garantir a integridade física das vítimas e seus familiares. Afinal segundo os depoimentos destes, haveriam represálias acaso as supostas torturas viessem à tona”, consta na decisão na qual o juiz enfatiza que os depoimentos das vítimas permitem concluir que em liberdade o delegado e os investigadores podem interferir na prova a ser produzida, por meio de ameaças e uso de influência decorrente do cargo.

 

Outro lado – O  procurou a assessoria da Polícia Civil e aguarda um posicionamento para saber se já existem investigações na Corregedoria em andamento contra o delegado bem como sua situação já que se encontra em estágio probatório. Outro questionamento feito é se haverá remenejamento de investigadores e outro delegado para Colniza.

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