Preso, servidor do TJMT divide holofotes com criminosos ‘Vips’ e pode ser demitido

Data:

Compartilhar:

Welington Sabino, editor do GD


Divulgação/Polícia Civil

Pitágoras Pinto de Arruda

Preso na Operação Regressus, acusado de desviar dinheiro do judiciário mato-grossense e fraudar documentos para ajudar condenados a obter a progressão de regime de forma mais rápida, o bacharel em Direito, Pitágoras Pinto de Arruda é servidor efetivo do Tribunal de Justiça de Mato Grosso (TJMT) com um salário de R$ 4,4 mil e está lotado na Comarca de Porto Esperidião (326 Km a oeste de Cuiabá). Agora, além da parte criminal, também é investigado num procedimento administrativo instaurado em fevereiro deste ano e que pode resultar em sua demissão.

Pitágoras, embora seja de uma comarca do interior, vinha atuando na Capital na 2ª Vara Criminal de Cuiabá, sob a titularidade do juiz Geraldo Fernandes Fidélis Neto, responsável por ter trazer o servidor da região de Cáceres, já que o conhecia há anos e o tinha como uma pessoa de extrema confiança.


Dessa forma, quando o próprio Geraldo Fidélis descobriu o esquema operado pelo servidor, ficou decepcionado e o denunciou. O Fórum de Cuiabá já instaurou um procedimento para investigar a conduta de Pitágoras que foi demitido da função de assessor na 2ª Vara Criminal, mas continua recebendo salário normalmente já que é um funcionário concursado na função de técnico administrativo.

Reprodução

Pitágoras continuará recebendo salário no TJ durante procedimento administrativo

Conforme apurado pelo Gazeta Digital junto ao Tribunal de Justiça, também existe um processo ainda pendente que versa sobre um pedido de remoção de Pitágoras de Porto Esperidião para Cuiabá. Ele atuava na Capital na condição de “movimentado”, pois seu pedido de remoção de comarca ainda está em análise. Quando for decidido se ele continua em Porto Esperidião ou Cuiabá, o processo administrativo contra ele também terá o mesmo destino. Ou seja, será enviado para àquela comarca ou permanecerá na Capital.

Atualmente, o servidor estava afastado por ter apresentado um atestado médico. A assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça não informou o prazo do afastamento e nem o motivo (doença) de o servidor ter apresentado o atestado. Pitágoras Arruda foi preso na manhã desta quarta-feira em cumprimento a uma prisão preventiva.

Ao participar da coletiva de imprensa juntamente com os delegados que investigam o esquema, o juiz Geraldo Fidélis ressaltou que estava decepcionado com o servidor. “Eu vi o Pitágoras acadêmico de direito na Unemat. Vi ele se formar, estagiar no Fórum de Cáceres. Depois trabalhou comigo. Estou há 5 anos aqui [em Cuiabá]. Dois anos antes ele já trabalhava comigo lá [em Cáceres]. Então são 7 anos juntos”, relatou o magistrado.

O próprio Fidélis relatou que o servidor desviou R$ 26 mil do Judiciário para uma conta da mãe dele. O dinheiro era destinado ao pagamento de exames psiquiátricos. Conforme as investigações, os exames custam R$ 2 mil, mas Pitágoras cobrava R$ 6 mil e ficava com a diferença de R$ 4 mil. Para o depósito dos pagamentos por parte do Tribunal de Justiça ele dava a conta da mãe dele.

Presos vips

Divulgação/Polícia Civil

Dinho Porquinho

Na operação, também foram presos o estelionatário Marcelo Nascimento da Rocha, conhecido popularmente Marcelo Vip e o traficante carioca, Márcio Batista da Silva, o Dinho Porquinho. Ambos são criminosos condenados e beneficiados com a progressão de regime apresentando documentos falsificados com ajuda do servidor do Tribunal de Justiça, Pitágoras Arruda.


Dinho Porquinho já tem condenações de 56 anos e 2 meses de prisão por crimes de tráfico de drogas, associação criminosa, lavagem de dinheiro e 3 homicídios qualificados praticados no Rio de Janeiro. Ele mora em Cuiabá num luxuoso apartamento numa região nobre e até então vinha cumprindo pena no regime semiaberto com uso de tornozeleira eletrônica.

Ele, inclusive, já despertou a atenção da imprensa internacional, pois conforme consta num dos processos de execução penal em Cuiabá, em agosto de 2017 pediu autorização judicial ao magistrado da 2ª Vara Criminal da Capital para viajar ao Rio de Janeiro com o objetivo de participar de entrevista com a emissora CNN (tv norte-americana).

Divulgação/Polícia Civil

Marcelo Vip

Por sua vez, Marcelo Vip tem condenação de mais de 34 anos de prisão. Sua vida já inspirou o filme VIPs, em 2011. Ele ganhou notoriedade nacional ao se passar por um dos cofundadores da companhia de linhas aéreas Gol e também já se passou por guitarrista do Engenheiros do Hawai. Ambos estavam no regime semiaberto por força de documentos falsificados como por exemplo, atestado de cursos e estudos apresentados por eles.

De acordo com a Polícia Civil, existem 3 inquéritos por causa de diferentes crimes investigados na Operação Regressus que teve apoio do Poder Judiciário e o Ministério Público Estadual (MPE).

Os inquéritos apontaram desvio de recursos para pagamento destinado a realização de laudo criminológico para progressão de regime e que presos que progrediram usaram atestados ideologicamente falsos e declarações de trabalho em empresas de fachada.

O nome Regressus, dado à operação significa retornar ao sistema. Neste caso, ao sistema prisional, local já conhecido por Marcelo Vip e Dinho Porquinho.


DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Notícias relacionadas