Após onze anos, Justiça abre caminho para prisão de pivô do mensalão tucano

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Eduardo Azeredo, ex-deputado tucano© Ag. Brasil Eduardo Azeredo, ex-deputado tucano

O destino do ex-governador de Minas Gerais e ex-senador mineiro Eduardo Azeredo(PSDB) foi selado pelos cinco desembargadores do Tribunal de Justiça de Minas Gerais nesta terça. A maioria dos votos  do TJ derrubou os embargos infringentes impetrados pela defesa de Azeredo, que questionou a sentença de 20 anos de prisão pelo crime de peculato e lavagem de dinheiro no caso conhecido como mensalão tucano, e o deixou mais perto da prisão. Em tese, caberia mais um recurso, que poderia adiar a prisão. Então candidato à reeleição ao governo de Minas em 1998, Azeredo foi acusado de montar uma operação para desviar dinheiro público com o patrocínio superfaturado de estatais mineiras a eventos esportivos. O objetivo seria garantir indiretamente recursos para sua campanha à reeleição. Estima-se que houve desvio de 3,5 milhões de reais para o caixa 2 de Azeredo. Mesmo com o caixa cheio, ele perdeu a eleição para Itamar Franco.

Denunciado no Supremo Tribunal Federal em 2007 pela Procuradoria Geral da República, quando ocupava uma vaga no Senado, sua denúncia foi aceita na corte, mas se arrastou por anos. Em 2014, o então procurador Rodrigo Janot pediu a condenação a 22 anos de prisão de Eduardo Azeredo, que ocupava na época a vaga de deputado na Câmara. Dias depois, o político mineiro renunciou ao cargo, perdendo assim o foro privilegiado, para ser julgado na Justiça comum, o que estenderia seu processo, uma vez que iria seguir o curso normal, passando por primeira e segunda instância.

No ano seguinte, Eduardo Azeredo foi condenado em primeira instância, a 20 anos e 10 meses de prisão. O caso seguiu então para o TJ-MG, que acatou a sentença por dois votos a um. Sem unanimidade, Azeredo ganhou o direito de apelar aos embargos infringentes, julgados nesta terça.

Ex-prefeito de Belo Horizonte entre 1990 e 1993, governador do Estado entre 1995 e 1998, senador entre 2003 e 2011, e deputado entre 2011 e 2014, Azeredo tornou-se um personagem emblemático por diversas razões. O esquema montado em 1998 contou com uma figura que ficaria conhecida nacionalmente, o publicitário Marcos Valério, peça chave do outro mensalão que atingiu diretamente o Partido dos Trabalhadores, denunciado em 2005, e que levou diversos membros da legenda para a cadeia. Em 1998, porém, muito antes do PT entrar em cena, Valério era então um dos sócios da agência SMP&B Comunicação, que ganhou na sequência a entrada de Clésio de Andrade na sociedade. Clésio era candidato a vice-governador junto com Azeredo em 1998. Com o PT no poder a partir de 2002, Valério trabalhou esquema semelhante para o partido.

As idas e voltas do processo de Azeredo também criam desconforto, por aparentarem um favorecimento dos tucanos. Prestes a completar 70 anos, o ex-governador poderia se beneficiar da redução de pena, prevista para pessoas nessa idade, se os desembargadores do TJ-MG tivessem questionado a sentença em primeira instância, o que levaria o processo ao ponto zero.

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