Nos dois anos do 7 a 1, alemães ‘comuns’ relembram ‘Mineirazo’ e opinam sobre jogo

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Nesta sexta-feira, dia 8 de julho de 2016, ocorre o segundo aniversário da goleada de 7 a 1 da Alemanha sobre o Brasil, na semifinal da Copa do Mundo de 2014. Um dia antes, os alemães enfrentaram a França, em Marselha, pela semifinal da Eurocopa, e o ESPN.com.br coletou opiniões de torcedores e jornalistas para saber o que eles pensam sobre o “Mineirazo” – apelido que o passeio em Belo Horizonte recebeu.

Foram entrevistados vários alemães “comuns”, além da imprensa especializada, que responderam sete questões sobre a partida mais marcante do último Mundial.

Naquele dia, no Mineirão, o Brasil de Luiz Felipe Scolari, o Felipão, entrou em campo sem Neymar, que havia se lesionado contra a Colômbia, e Thiago Silva, suspenso por acúmulo de cartões amarelos, com a seguinte formação: Júlio César; Maicon, David Luiz, Dante e Marcelo; Luiz Gustavo, Fernandinho, Bernard, Hulk e Oscar; Fred.

Já os alemães, que terminariam como campeões do mundo dias depois, formaram com: Neuer; Lahm, Hummels, Boateng e Howedes; Khedira, Kroos, Schweinsteiger, Ozil e Thomas Muller; Klose.

© EFE/EPA/BRITTA PEDERSEN

A partida ficou marcada pelo famoso “apagão” brasileiro entre os 23 e os 29 minutos, quando a equipe comandada por Joachim Low, de maneira impiedosa, marcou quatro vezes com extrema facilidade, com tentos de Klose, Kroos (2) e Khedira – Thomas Muller havia aberto o placar aos 10 minutos, após cobrança de escanteio.

Na segunda etapa, Schurrle fez mais dois para os europeus, enquanto Oscar anotou o gol de honra brasileiro já nos acréscimos, para uma série de aplausos irônicos.

Dois anos depois, o ESPN.com.br mostra a visão dos germânicos sobre aquele jogo, classificado por eles como “histórico”, “absurdo” e também “muito divertido”.

Aos brasileiros, resta comemorar a eliminação da Alemanha para a França na semifinal da Eurocopa, na quinta, com uma derrota por 2 a 0 em Marselha. As lembranças da tétrica Copa América Centenário, porém, ainda estão aí para quem quiser…

© Tullio M. Puglia/Getty Images

Confira as melhores respostas dos alemães:

1. Você se lembra onde estava? Qual foi seu sentimento ao ver a goleada?

Estava em casa com a família. Eu não acreditei no que estava acontecendo. No começo, me diverti bastante, mas depois fiquei com pena”, Christopher Hoenik, 49, empresário

Estava num bar GLS em São Paulo. Eu estava assustado antes do jogo, mas depois foi uma festa total, tirei sarro de todo mundo“, Phillipp Rennert, 33, funcionário de telefonia

© Getty Images

Estava na base do exército, vi alguns lances. O time da Alemanha parecia um tanque de guerra (risos)”, Verena Kiessling, militar

Estava na tribuna do Mineirão trabalhando. No começo, me senti privilegiado por estar vendo a história sendo feita, e muito surpreso. Depois, me senti muito triste pelos brasileiros, que receberam os estrangeiros tão bem na Copa“, Lars Wallros, 41, jornalista do Die Welt

Estava no estádio da BBC no Rio de Janeiro, em Copacabana, comentando o jogo. Achei que o Brasil fosse destruir a Alemanha, principalmente porque jogaram bem nos 10 minutos antes do primeiro gol. Depois, fiquei sem palavras“, Raphael Honigstein, 42, jornalista freelancer e autor do livro Das Reboot: How German Soccer Reinvented Itself and Conquered the World

2. Por que acha que esse resultado aconteceu?

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O time da Alemanha era muito bom e o Brasil fez provavelmente o pior jogo da história da seleção naquele dia, pior quando perdeu a final de 1998 para a França“, Martin Arnitzche, 48, advogado

Havia uma pressão gigante no ombro dos jogadores brasileiros. Vocês têm o futebol quase como uma religião. Foi demais para aqueles jogadores. E a Alemanha foi impiedosa“, Andreas Flamm, 36, economista

Acho que se o Neymar não tivesse se machucado e o Thiago Silva sido suspenso de maneira tola no jogo anterior, teria sido muito diferente. O Brasil ficou perdido sem eles“, Julia Propp, 22, estudante

Creio que os jogadores brasileiros entraram em choque depois que a Alemanha chutou três vezes e fez três gols. Perderam completamente a estabilidade. E a Alemanha estava bem preparada, sabia exatamente quais eram as fraquezas do Brasil“, Lars Wallros, 41, jornalista do Die Welt

© Getty Images

Os brasileiros exageraram na emoção. E o pior é que na verdade eram os alemães que estavam com medo daquele jogo, achando que não iam conseguir aguentar a pressão do adversário e da torcida. No fim, foi o completo oposto“, Raphael Honigstein, 42, jornalista freelancer e autor do livro Das Reboot: How German Soccer Reinvented Itself and Conquered the World

3. Acha que outro resultado como esse acontecerá novamente?

Não enquanto eu for vivo. É uma coisa que acontece a cada 100 anos“, Daniel Keller, 37, analista financeiro

Eu espero que sim, e a favor da Alemanha (risos)”, Tobias Kramer, 11, estudante

© Getty Images

Nunca“, Gertrudes Stranzl, 71, aposentada

Não. Não consigo acreditar que irá. Pelo menos nunca mais em uma semifinal de Copa do Mundo“, Lars Wallros, 41, jornalista do Die Welt

Difícil dizer… Acho que não. Mas nunca diga ‘nunca’…”, Raphael Honigstein, 42, jornalista freelancer e autor do livro Das Reboot: How German Soccer Reinvented Itself and Conquered the World

4. Se fosse a Alemanha que tivesse perdido de 7 a 1, o que teria acontecido?

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Com certeza Joachim Low seria demitido. E jogadores como Lahm e Schweinsteiger teriam ficado devastados“, Philipp Rennert, 33, funcionário de telefônica

Acho que não haveria uma crise nacional. Afinal, é só futebol… Mas muita coisa teria que er repensada“, Andreas Flamm, 36, economista

Creio que Joachim Low ficaria com tanta vergonha que pediria demissão. Perder é normal, mas não tomando sete gols“, Erika Muller, 41, dona de casa

Haveria uma grande discussão sobre manter ou demitir Joachim Low, mas creio que ele não seria demitido. O mais provável é que ele pedisse para sair“, Lars Wallros, 41, jornalista do Die Welt

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Joachim Low e Oliver Bierhoff seria demitidos, e toda uma geração de jogadores ficaria comprometida, como ficaram alguns atletas do Brasil. Acho também que haveria uma troca de Joachim Low por um técnico da ‘velha guarda’, como Otto Rehhagel ou Felix Magath. Seria uma revolução às avessas. Ainda bem que não aconteceu…”, Raphael Honigstein, 42, jornalistafreelancer e autor do livro Das Reboot: How German Soccer Reinvented Itself and Conquered the World

5. O Brasil voltará a ser temido no futebol?

Tem muito potencial, principalmente com os jovens jogadores. Mas a seleção brasileira precisa agir como um time, ter espírito de equipe, como esse time da Alemanha, no qual os jogadores se matam uns pelos outros“, Daniel Keller, 37, analista financeiro

É claro que vai, e eu torço para isso, mas precisa resolver seus problemas internos. A quantidade de talento que existe no Brasil não existe em nenhum outro país do mundo“, Christopher Hoenik, 49, empresário

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Hoje os jogadores brasileiros saem muito jovens para a Europa e perdem o drible, o ‘jogo bonito’, como vocês falam. Eu lembro da final de 2002, na qual vocês no venceram. Não há hoje jogadores como Ronaldo, Rivaldo e Ronaldinho“, Verena Kiessling, militar

Eu espero que sim, mas pode demorar alguns anos. O futebol precisa do Brasil. Mas os brasileiros têm que entender que os europeus encontraram maneiras de evoluir, através da tecnologia e da estatística, enquanto o Brasil parou no tempo e vive do talento puro“, Lars Wallros, 41, jornalista do Die Welt

Para quem vê o futebol brasileiro de fora, como eu, parece que não há nada errado com os jogadores. Acho que o que está errado hoje é o método de preparação desses jogadores, e também quem os treina“, Raphael Honigstein, 42, jornalista freelancer e autor do livro Das Reboot: How German Soccer Reinvented Itself and Conquered the World

6. Você já brincou com algum brasileiro sobre isso? Ou fica com pena?

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Nunca faria isso. Tenho um colega brasileiro no trabalho e, no dia seguinte do jogo, não sabia nem como falar com ele“, Andreas Flamm, 36, economista

Tirei muito sarro enquanto estava no Brasil. Todos reagiram bem. Os brasileiros são divertidos“, Philipp Rennert, 33, funcionário de telefônica

Nunca conheci um brasileiro. Posso brincar com você [mostra o número sete com as mãos]? Espero que você não fique bravo (risos)”, Tobias Kramer, 11, estudante

Sinceramente, não. Eu fiquei muito triste. Os brasileiros são ótimas pessoas, não mereciam passar por isso“, Lars Wallros, 41, jornalista do Die Welt

© EFE/EPA/ARMANDO BABANI

“Não. Eu já estive nessa posição de perder uma semifinal de Copa do Mundo em casa e sei como é triste. Só não foi levando sete gols”, Raphael Honigstein, 42, jornalista freelancer e autor do livro Das Reboot: How German Soccer Reinvented Itself and Conquered the World

7. Qual seu gol favorito da goleada?

O primeiro, pois eu estava nervoso até ali. Depois que Thomas Muller marcou, foi um grande alívio“, Daniel Keller, 37, analista financeiro

O do Klose, no qual ele se torna o maior artilheiro de todas as Copas do Mundo, passando o Ronaldo“, Christopher Hoenik, 49, empresário

O do Kroos, pois foi com a perna esquerda, que não é a que ele chuta normalmente. Um lindo gol!”, Erika Muller, 41, dona de casa

O segundo do Schurrle. Acho que nunca vi um chute como aquele“, Lars Wallros, 41, jornalista do Die Welt

Para falar a verdade, não acho nenhum deles bonito. Foram gols tipicamente alemães, cirúrgicos, calculados. Toque, toque, toque, gol. Toque, toque, toque, gol…”, Raphael Honigstein, 42, jornalista freelancer e autor do livro Das Reboot: How German Soccer Reinvented Itself and Conquered the World

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