Frigoríficos demitem 1,5 mil em 4 meses

Data:

Compartilhar:

Cresce em Mato Grosso a quantidade de indústrias frigoríficas paralisadas, apesar do Estado manter o maior rebanho do país, com quase 29 milhões de cabeças. Quinze frigoríficos que estavam habilitados para exportação estão fechados, sendo que 3 suspenderam as atividades no 1º quadrimestre deste ano, conforme informações do Sindicato das Indústrias Frigoríficas de Mato Grosso (Sindifrigo/MT). Os estabelecimentos que seguem ativos começaram a demitir. Até agora, nas 3 unidades que encerraram os abates bovinos, foram desligados aproximadamente 1,5 mil colaboradores diretos. 

“Esse frigorífico que fechou em São José dos Quatro Marcos – da JBS S.A., detentora das marcas Seara e Friboi -respondia por 15% do emprego no município”, diz o secretário-executivo do Sindifrigo/MT, Jovenino Borges. Da unidade, foram dispensados 650 funcionários de repente, sendo a maioria, de moradores da cidade. O Ministério Público do Trabalho em Mato Grosso (MPT) identificou que a demissão coletiva corresponde ao desemprego de 3,3% da população local, de 19,5 mil habitantes. São José dos Quatro Marcos, localizado no sudoeste mato-grossense, está inserido na região que concentra o maior rebanho bovino do Estado, se somados os rebanhos de Cáceres, Pontes e Lacerda, Araputanga, Mirassol D’Oeste.

Como medida preventiva, a Justiça do Trabalho de Mato Grosso concedeu ao MPT no último sábado (23) uma liminar proibindo a multinacional JBS de realizar dispensas numerosas na unidade de Araputanga, sem prévia negociação coletiva. Com isso, o MPT visa reduzir o impacto econômico e social na região, estabelecendo, se for o caso, critérios que protejam os que se encontram em condição mais vulnerável. O descumprimento da decisão implicará pagamento de multa de R$ 10 milhões.

Pela demissão abrupta dos colaboradores na unidade de São José dos Quatro Marcos, o MPT pede indenização por danos morais coletivos de R$ 30 milhões, além de indenizações por danos morais individuais de R$ 50 mil a cada um dos trabalhadores prejudicados. “Considerando a justificativa da empresa para o fechamento da unidade em São José dos Quatro Marcos, que foi a falta de matéria-prima, a preocupação se volta para a manutenção dos empregos na unidade de Araputanga, visto que, da forma como se deu a dispensa em massa dos trabalhadores da unidade do município vizinho, o mesmo pode vir a ocorrer no município de Araputanga, o que agravaria os imensuráveis prejuízos na localidade”, avalia o procurador do Trabalho, Leomar Daroncho.

Ele acrescenta que a multinacional recebe incentivos do governo e deve cumprir seu papel social. “A empresa deve garantir ao grupo de trabalhadores atingidos o mínimo de dignidade, a fim de minimizar o impacto social causado pela demissão coletiva, ora realizada de forma abusiva”. 
Procurada para falar sobre o assunto, a assessoria da JBS não se manifestou. No ano passado, a empresa anunciou lucro líquido de R$ 2 bilhões, com crescimento de 119,6% em relação a 2013. 

Oferta e demanda – “Aqui no município, a escala de abate tem sido mantida pelo frigorífico, mas o fechamento da unidade em São José dos Quatro Marcos deixou muita gente sem perspectiva, principalmente porque não têm outras indústrias que comportem tanta gente”, comenta a vice-presidente do Sindicato Rural de Araputanga, Stellamaris Otenio. “Em Cáceres tinha uma unidade, mas também foi fechada há uns 2 anos”. Em outubro do ano passado, a JBS fechou um frigorífico no município de Vila Rica.

Superintendente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), Olmir Cividini afirma que o fechamento de frigoríficos ainda não trouxe impactos no preço da arroba do gado este ano, que permanece valorizada. Na última sexta-feira, o preço da arroba do boi à vista atingiu a média de R$ 134,50 no Estado, conforme levantamento do Imea. (com informações de Silvana Bazani de A Gazeta)

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Notícias relacionadas